Todo homem foi criado para ser feliz, isto é, viver em plenitude sua existência “sendo mais e tendo mais”.
Não temos um modelo pré-fabricado de pessoa. Sabemos que a gente não nasce sendo já pessoas, mas deve construir-se positivamente realizando e atualizando todos os seus valores. Deve passar do “viver” simplesmente no nível natural para o “existir” como pessoa. Este existir (ex-sistere = sair fora de si) leva consigo o ao se massificar. É preciso sair do bando, da massa por meio da consciência critica, isto é, fazendo uma análise objetiva da realidade, para descobrir assim a verdade das coisas.
Ser “pessoa” consiste em “ser-si-mesmo” na verdade de todas as suas capacidades, sem mentiras, sem máscara, sem falsificações, na genuinidade e na originalidade de ser único. Mas a maior dificuldade que o homem experimenta consiste em defrontar-se consigo mesmo. O homem tem medo de si mesmo e dos outros. Tem medo de si mesmo porque não se conhece, e o desconhecido amedronta as pessoas, pois aparece como um perigo para a própria existência. E também tem medo dos outros. No século XVI Hobbes, filósofo inglês dizia que o homem era o lobo para com os outros homens.
Também o homem é capaz de criar, dentro de si, outros lobos que o devoram se fizer uma análise subjetiva da própria realidade. Para defender-se desses lobos que ameaçam o homem por dentro e por fora, facilmente se cai no perigo de criar “fugas”, atitudes compensatórias (mentiras, entorpecentes, deturpação do comportamento sexual, etc.), mecanismos de defesa, isto é, tudo aquilo para que o homem não se assuma e não se construa.
Para o homem assumir-se e crescer como pessoa na verdade, é imprescindível despojar-se de toda maneira, de toda máscara e tentar construir por todos os meios a verdade, dentro e fora de si. Este construir a verdade não é nada fácil. O vazio, a solidão e o pavor do silêncio (quanta necessidade nós temos de estar acompanhados pelo barulho de um som ou estar no meio de muita gente para fugir da própria frustração e ao sentir o seu eu). Penetram como um vírus no coração de muitos os destruindo e ao mesmo tempo construindo naturais da verdade.
Tal sentimento de frustração impele o homem a buscar em sua realidade exterior tudo àquilo que é e está, de algum modo, dentro de si mesmo, perdendo a sua própria individualidade nesta procura, o seu “self”(seu eu mais profundo) estará assim constantemente ameaçado de desintegrar-se . O homem, que foi criado para ser feliz, percebe que esta felicidade é difícil de ser alcançada, sobretudo quando 80% das pessoas vivem com sérios conflitos internos, por causa de todas essas ansiedades e tensões produzidas por uma sociedade conflitiva.
Que fazer? Como deixar desabrochar esse desejo de felicidade, inato do homem, sem abortá-lo e frustra-lo? Como tudo no homem está em potência, possibilidade permanente para alcançar a maturidade, é preciso estar consciente de que a sede de felicidade nunca é saciada neste mundo. É necessário saber canalizar esta ânsia de realização pessoal por caminhos e atitudes objetivas, autênticas e verdadeiras.
Eis o ponto de partida nessa caminhada de crescimento. Como conhecer-se é assumir na verdade e na autenticidade. Uma pessoa é autêntica quando se constrói atualizando todos os seus valores, quando se percebe, quando ela realmente é, sem máscaras, sem mentiras, sem defesas e assim vive. A aceitação de si mesmo é a melhor terapia. A desintegração da pessoa humana começa quando o sujeito quer ser aquilo que não é e nem jamais poderá ser. Todos nós fomos chamados a crescer na verdade, na transparência e na maturidade. Sempre deverá existir um acordo entre o que a pessoa é e o que a pessoa pensa que é.
Para chegar a verdadeira transparência e autenticidade poderíamos marcar os seguintes passos:
- SENTIR – O que acontece no próprio organismo. Sentir é experimentar, como algo real o que está acontecendo na pessoa.
- PERCEBER – Permitindo que a experiência (aquilo que se sentiu) chegue à consciência, tal como se está sentido. É a percepção que constrói a verdadeira imagem de si. Para não criar neuroses dentro de si é preciso realizar uma analise objetiva isto é, verdadeira, da própria experiência. A experiência percebida é algo que já pertence à pessoa e faz parte natural dela.
- ACEITAR – Admitindo que se esta percebendo da própria experiência. A experiência percebida é algo que já pertence à pessoa e faz parte natural dela.
- COMUNICAR – Isto é, manifestar com liberdade a experiência tal como foi aceita pela pessoa, não ter medo ou vergonha de manifestar, pelos menos a algumas pessoas amigas, o que verdadeiramente se sente e se pensa diante da realidade percebida e vivida. Eis um objetivo: ser fiel na informação.
Referência: CIGOÑA, José Ramón F. De La. Você: Para quê? Para quem? São Paulo: Loyola, 1983, pp. 25-33 .