Sócrates propõe uma divisão tripartite da alma. Teria uma parte apetitiva que seria responsável pelos prazeres, pelas inclinações do agente para satisfazer as necessidades que aparentam ser prazerosas. Porém a boa vida do homem não parece estar sujeito ao acaso, isto é, não é sendo guiado pela parte apetitiva que o agente conseguirá viver bem, pois ela pode se deixar guiar, muitas vezes, por aquilo que aparenta ser um bom sem, de fato, ser bom.
Mas em virtude da possibilidade do engano a cerca do que é bom, como poderá ser guia para a ação de um agente moral? O que é o Bem para que o mesmo possa guiar as ações do indivíduo, conduzindo para boas ações, possibilitando viver bem? Em face dessa problemática, Sócrates recorrerá ao que convencionou chamar de Teoria das Idéias para apresentar um modelo ético novo.
Em primeiro lugar ele propõe a separação do mundo em sensível e inteligível, onde o sensível não oferece o conhecimento acerca do mundo, mas apenas opiniões, enquanto que o mundo inteligível apresenta uma realidade apreensível pela razão, portanto una e imutável.
Para Sócrates o novo modelo ético se baseia na afirmação de que a razão bem cultivada é suficiente para a determinação das ações moralmente boas, pois não dependeria dos desígnios dos deuses, não estaria sujeitas ao acaso e nem tampouco dependeria dos impulsos da parte apetitiva da alma. A parte apetitiva da alma será responsável por dar certo rumo às ações, fazendo necessário ascender às idéias, ao intelecto controlar os impulsos do agente de modo que ele possa agir nem bem para poder alcançar a boa vida.
Portanto para Sócrates a vida guiada pelas paixões e não orientada por certa razão que possibilita conhecer o que é virtude, o Bem, pode apenas acidentalmente conduzir o agente a boa vida, diferentemente da razão que permite controlar os impulsos a agir de forma coerente em busca da felicidade.